Quem nunca já ouviu essa comparação em tom de elogio: “canta igual a um rouxinol”? Sim, o canto do rouxinol é muito apreciado por sua beleza e também por sua variedade de entonação. Pela incrível variedade de entonação, aliás. Estudos feitos com o canto da espécie apontam que essa ave migratória é capaz de emplacar 260 sequências musicais sem repeti-las uma única vez.
Tal beleza e diversidade faz do rouxinol uma das aves preferidas dos poetas e dramaturgos, Shakespeare já citou o pássaro em um de seus sonetos. Homero e Orfeu também já fizeram referência à ave assim como diversos outros poetas e escritores. Sempre destacando a beleza de seu canto.
Outro motivo que faz do pássaro fonte de inspiração e popularidade é que há uma crença passada a gerações de que o canto do rouxinol é o anúncio da chegada da primavera, uma das estações mais adoradas e românticas.
Contudo, nem tudo são flores quando se trata de rouxinol. O canto desse pássaro é belo, inegável, mas pode alcançar volume equiparável a de uma motosserra. Pior: costumam cantar durante a noite e na madrugada. Conforme se aproximam dos centros urbanos, mais elevam a sua voz.
Sem dúvida péssima notícia para os que precisam acordar cedo para pegar no batente.
Porque o rouxinol eleva a sua voz nos centros urbanos? Ele canta simplesmente porque está feliz ou há uma necessidade insuspeita por trás desse ato? Saiba dessas e outras curiosidades a respeito do rouxinol a seguir.
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A família do rouxinol
Rouxinol é um pássaro que pertence à família Turdidae. O nome rouxinol refere-se particularmente a espécie Erithacus, Luscinia ou Megahynchos. Essas aves são de porte pequeno, medindo não mais do que 15 ou 17 centímetros de comprimento.
Esses pássaros são muito tímidos, por isso, dificilmente avistados, sabe-se de sua presença em uma região por causa de seu canto, raramente por ser flagrado em algum galho. O rouxinol costuma se esconder sob a folhagem das árvores e normalmente começa cantar a noite. Também é possível que cante durante o dia, mas esse comportamento é mais raro.
A plumagem desse pássaro tem tons predominantemente pardos e marrons e com ligeiras sombras avermelhadas. O peito do rouxinol tem tom mais acinzentado misturado a tons vermelhos ou brancos.
No entanto esse tom da plumagem pode apresentar diferença quando o pássaro está em idade tenra. A plumagem nessa fase pode apresentar tom mais avermelhado e com extremidades mais apagadas. Outro detalhe é que, nesse estágio da vida, tons brancos e cinzas predominam na área inferior dos corpos.
Já o bico do rouxinol é tão afiado quanto castanho, mas discreto.
As patas têm cor de carne, o que significa dizer um tom avermelhado mais claro e suave.
É uma ave migratória e que se encontra em bom número na Europa e da Ásia. Não é por acaso que na cidade de Berlim se encontra os maiores especialistas de rouxinol, onde concentra a maior quantidade de rouxinóis no continente.
O canto do rouxinol
Sem dúvida há muitas considerações a se fazer dessa que certamente é a sua principal qualidade, o que o faz ser extremamente famoso e querido pelos povos do planeta inteiro: o canto.
A potência vocal desse pássaro é poderosa e conforme é desafiada pelos sons rotineiros da movimentação dos grandes centros urbanos mais o rouxinol se sente estimulado a forçar suas cordas vocais.
Apesar da potência, o canto do rouxinol não perde em melodia, melodia essa delicada e alegre que encanta os seus ouvintes.
Essa ave é capaz de emplacar 260 sequências musicais sem repeti-las. Tal capacidade faz com que consiga cantar de maneira ininterrupta por 2 horas.
Um dos motivos de receber esse nome é o fato de ser uma ave ativa a noite. Para entender o porquê é preciso compreender quais são as motivações de seu canto.
Rouxinóis não chilreiam para “espantar os males”, embora também não se possa duvidar desse intento. Cantam para se impor diante de outros machos, para serem ouvidos sobre os machos rivais, dessa forma marcando território e atraindo as fêmeas. O horário para o acasalamento costuma ocorrer à noite, por isso a cantoria no horário menos agradável para os citadinos.
Um detalhe interessante que o horário do canto indica objetivos diferentes. Se no começo e avançar da noite o objetivo é marcar território, o canto da madrugada, do amanhecer, tem como objetivo proteger o território marcado.
Por esses motivos, imposição, proteção e acasalamento, o rouxinol se ver obrigado a abusar da garganta para suplantar os ruídos da movimentação costumeira nas grandes cidades.
Mais sobre o canto
O rouxinol fêmea não canta e se sente atraído pela sensibilidade do canto dos machos. Nota-se que o pássaro é dotado de vaidade, pois muitas vezes canta apenas para mostrar aos seus rivais a sua importância. O aspecto físico é um elemento importante para que consiga atingir os seus objetivos. Os mais fortes fisicamente costumam apresentar maior repertório musical.
Após conquistar uma parceira, ambos se unem para a construção do ninho. Após o nascimento dos filhotes, a ave interrompe a sua cantoria para se dedicar quase que exclusivamente ao papel de pai.
Rouxinol na cultura
A fama desse pássaro ultrapassa fronteiras, sendo muito apreciado na Europa e na Ásia. O filósofo grego Platão afirma que a ave foi emblema de Tamiras, bardo da Trácia antiga.
O rouxinol aparece na imortal peça Romeu e Julieta como “cantor do amor”.
No Japão, o rouxinol é tido como capaz de repetir o Sutra do Lótus da Boa Lei.
É o pássaro sem dúvida preferido dos poetas para se exaltar sentimentos intensos, como o amor, e melancólicos, como a morte.
Outras curiosidades
O canto dos rouxinóis é considerado um patrimônio familiar e natural. Isto porque os cantos são transmitidos a gerações, de pai para filho.
No continente americano são conhecidos como “corochiré”.
Quando cantam, o rabo desses pássaros se abre. Quando percebem algum estímulo estranho no ambiente logo escapam e se esconde nas folhas das árvores.
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