O peixe baiacu é uma espécie de peixe da ordem dos Tetraodontiformes, que designa peixes com quatro dentes, são representados por aproximadamente 10 famílias e 360 espécies.
Este peixe também é conhecido como sapo-do-mar ou peixe-balão. Isso ocorre porque esses animais têm a capacidade de inflar como um balão, aumentando o seu tamanho quando se sentem ameaçados, a fim de evitar ser devorado por peixes maiores e tubarões, que são seus predadores.
São de origem da América do Sul, mais comuns nas águas do litoral Brasileiro. Em sua maioria são animais marinhos que vivem próximos a corais. Apesar de sua aparência, o baiacu é um peixe venenoso e que deve ser consumido com muito cuidado.
O termo Baiacu é proveniente da língua Tupi, falada por indígenas nativos brasileiros. Esse bichinho já foi personagem de filmes como o Espanta Tubarões, produzido pela Nickelodeon, ganhando a simpatia e o interesse do público infantil.
Características do peixe baiacu
Aspectos incomuns como “inflar” são mecanismos de defesa particulares de 150 espécies de peixes, mas também existentes de forma similar em outros animais, como o anfíbio conhecido por Rã de Madagascar.
O peixe infla quando submetido a estresse, ele absorve uma grande quantidade de água que é armazenada no estômago. Esse órgão é extremamente elástico e pode proporcionar ao Baiacu chegar à três vezes mais que o seu tamanho original. Para que isso ocorra, a sua epiderme também contém grande elasticidade, evitando que o peixe sofra fissuras em sua estrutura.
A sua estrutura óssea, como a espinha, adapta-se a ação, curvando-se para acompanhar o movimento dos tecidos do corpo do animal. Todas as partes do corpo reagem para fornecer o mecanismo de defesa ao peixe. Para manter a sua estrutura, agora três vezes maior, o peixe possui uma válvula na boca, a qual permanece fechada até que o animal sinta-se seguro novamente.
O fato de inflar é substancial para o Baiacu em vista de sua dificuldade de nadar para fugir de predadores.
Outro aspecto na maioria das espécies de tetraodontiformes, é a presença de espinhos, que justamente estão dispostos no corpo do peixe para afugentar outros indivíduos que o ameacem. Quando desinflado, o peixe assume uma aparência graciosa e nada assustadora. Este peixe pode chegar a 60 centímetros de comprimento.
O veneno do Baiacu
Apesar de muito graciosos e interessantes, de forma que não representam uma ameaça visível, os peixes Baiacu são muito venenosos. Cerca de 5 pessoas morrem por ano devido a acidentes com esse peixe, e muitas outras são internadas em hospitais. Ademais, o Baiacu é considerado o segundo vertebrado mais venenoso do mundo.
Seu veneno, fabricado por bactérias associadas aos peixes, libera tetrodotoxina, uma neurotoxina 1200 vezes mais letal que o cianeto. Essas bactérias ficam distribuídas no corpo do animal, tanto nas escamas externamente, como no fígado.
O veneno de um peixe baiacu pode ser suficiente para levar a óbito cerca de 30 pessoas. A tetrodotoxina é um agente bloqueador dos potenciais de ação nos nervos. Esta substância liga-se aos poros dos canais de sódio voltagem-dependentes existentes nas membranas das células nervosas. Portanto, o veneno age muito rápido em suas vítimas e causa dores muito fortes.
No primeiro momento as extremidades do corpo começam a perder a sensibilidade e começam a haver espasmos musculares. No segundo estágio, a fraqueza muscular toma conta do corpo, e começam surtos de diarreia e vômito que levam o paciente a uma rápida desidratação.
Os espasmos passam a ocorrer nos pulmões, impedindo a vítima de respirar, mesmo que ainda estejam conscientes, esta ocasião antecede a morte.
Além disso, em alguns casos, a neurotoxina é capaz de paralisar totalmente o indivíduo, dando a impressão que a pessoa veio a desfalecer. Nesse caso é muito difícil de distinguir o estado de consciência da pessoa, que ainda pode se mexer involuntariamente e não ter controle algum sobre o seu corpo.
Habitat natural
Muitos acidentes ocorrem devido a estes peixes serem comumente encontrados nas regiões costeiras, em recifes e corais. São peixes adaptados a águas tropicais. Apesar de sua maioria ser exclusivamente marinha, pesquisas apontam que pelo ao menos 24 espécies desse gênero são de água doce.
Alimentação
O peixe Baiacu se alimenta de algas presas em pedras, pequenos animais e crustáceos, como lesmas, moluscos e caranguejos. Estes peixes possuem muita força em sua mandíbula, e dentes fortes e afiados que proporcionam uma mordida muito potente capaz de quebrar facilmente mexilhões e raspar pedras para se alimentar de algas.
Reprodução
A tetrodotoxina atua na reprodução desses peixes estando presentes nos folículos ovarianos liberados pelas fêmeas e promovendo a atração e liberação de gametas pelos machos. A fêmea libera entre 3 e 7 ovos por vez nos períodos de setembro a janeiro.
Ocorre a fecundação externa e esses ovos levam uma semana para eclodirem, pois os Baiacus são ovíparos. Durante esses períodos eles flutuam na superfície.
Após eclodir, o filhote permanece envolto em uma casca dura até que termine o desenvolvimento de seus membros.
Criação do Baiacu
As espécies mais encontradas para comercialização no Brasil não ultrapassam 15 centímetro, são os chamados Baiacu Anão. Porém, espécies de água doce podem chegar a 60 centímetros, o que requer um aquário com espaço suficiente para abrigar o peixe.
Estes peixinhos possuem um grande apetite e também produzem muita matéria orgânica, demandando que haja no aquário um belo sistema de filtragem. A temperatura ideal é de 24 graus celsius. Para criação de espécies marinhas, basta a adição de sal marinho à água filtrada do aquário.
O Baiacu como uma iguaria
A carne deste peixe é mundialmente apreciada. Por não possuírem o veneno nos músculos é possível limpar o peixe e realizar a sua desintoxicação. Por isso, o processo deve ser feito com muito cuidado.
Após a limpeza, o peixe pode ser preparado como filé, grelhados, gratinados e empanados. No Japão, é tão importante a limpeza adequada do peixe, que os chefes especializados nessa função têm exigidos dois anos de prática antes de serem contratados efetivamente. Mesmo com todo esse cuidado, ainda há riscos de consumo deste peixe.
Entretanto, essas toxinas estão sendo pesquisadas para fins medicinais. O que torna o peixe baiacu um dos animais mais interessantes dos ambientes aquáticos.
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