O setor da aquicultura voltado à criação de peixes marinhos ultimamente apresenta um crescimento significativo, principalmente no Brasil. E uma das espécies de peixe que está atraindo cada vez mais o interesse dos produtores nacionais é com certeza a da garoupa.
A garoupa é provavelmente um dos animais mais cobiçados do país, tanto por seu valor alimentício como prato típico do sudeste brasileiro, quanto por seu valor simbólico, já que este peixe é quem ilustra a nossa cédula de cem reais – a atual segunda nota de maior poder de compra dentro do Brasil.
Mas, mesmo sendo um animal tão famoso por seus atributos e popular em nossa moeda corrente, é comum que muitas pessoas ainda não saibam o que é garoupa.
Conhecido no Brasil, normalmente, pelos nomes de “mero”, “marelaço”, “galinha-do-mar” e “cherne”, a garoupa é um peixe mediterrâneo recorrente nas áreas litorâneas da região Norte e, principalmente, por todo a região Sudeste de nosso país, fazendo parte de famosas receitas da culinária capixaba.
Características da garoupa
É um peixe de escamas pequenas e de vultosas proporções, alcançando uma média de 1,5 m de comprimento e em torno de 60 kg, mas, há casos registrados de espécimes capturados com tamanho superior a 2,4 m e com mais de 300 quilogramas.
Tem um corpo gordo, uma grande boca, cabeça com relevos aparentes, nadadeiras arredondadas e o pedúnculo caudal grosso, porém curto.
Sua coloração é parda avermelhada, possuindo manchas esverdeadas nos flancos, formando linhas irregulares em torno de seu corpo que exibe diversas marcas malhadas em tons mais claros, próximo do amarelo que normalmente tinge seu ventre.
Apesar de existirem diversas variedades de garoupa, a considerada verdadeira é a Epinephelus marginatus, mas todas elas são vistas como uma espécie predadora ativa, alimentando-se de outros peixes menores, camarões, moluscos em geral e até de lagostas.
Você sabia que, para sua criação, alguns fatores importantes devem ser levados em consideração? Alguns exemplos são os tanques adaptados e o fornecimento adequado de seus alimentos comuns (ou uma ração que os substitua apropriadamente, a qual ainda não se tem previsão de desenvolvimento).
Leia também:
Como criar o peixe garoupa?
Para criar garoupa, são imprescindíveis:
- o conhecimento da frequência e das quantidades corretas de oferecimento das fontes nutritivas;
- o limite permitido de animais por tanque;
- o tempo de crescimento;
- até quanto a espécie pode proporcionar de rendimento.
Infelizmente, esses índices não são definitivos. Pois, os estudos para a melhor forma de criação deste peixe ainda estão sendo realizados.
Outro grande desafio de sua criação se dá pelo fato de que a garoupa é uma hermafrodita protogínica, o que quer dizer que ela nasce com sexo feminino, podendo ou não maturar como macho. Processo este que dificulta muito sua reprodução controlada em cativeiro. A alternativa possível reside nas induções hormonais e fertilizações in vitro – o que pode tornar uma alta despesa.
Pode-se dizer que os avanços voltados à domesticação deste peixe parte para dois lados. Em primeiro lugar, a exploração comercial a partir da venda de sua carne branca, muito conhecida por seu sabor atrativo. Em segundo lugar, pela necessidade de repovoamento desta espécie. Afinal, a garoupa é um animal que corre sério risco de extinção na natureza.
Eduardo Gomes Sanches realizou as primeiras iniciativas para viabilizar a produção das garoupas. Enquanto pesquisador do Instituto de Pesca em São Paulo, Sanches incentivou a empresa Redemar Alevinos nas tentativas iniciais da criação em cativeiro desta espécie.
Não há, hoje em dia, nenhum aquicultor que tenha conseguido produzir a garoupa em grande escala de comercialização. Mas, os avanços nos estudos científicos sinalizam para que isso logo venha a ocorrer.
Como pescar a garoupa?
As melhores técnicas de pescaria da garoupa envolvem o posicionamento da embarcação num estuário, que é onde geralmente esta espécie costuma ser encontrada, somado à utilização de um equipamento de tipo médio a pesado, e de grande resistência.
Tenha em mente que são peixes muito pesados e com significativa força de tração. De tal sorte que, ao fisgarem o anzol, as garoupas tendem a instintivamente esconderem-se em suas tocas. Assim, levam consigo vários metros de linha. Tal comportamento torna o processo de recolhimento do material lançado (e do animal, propriamente dito) uma tarefa árdua.
Outro componente importante na pesca de garoupa é a escolha de iscas que cheguem mais facilmente ao fundo, atraindo a atenção do peixe garoupa, que prefere habitar maiores profundidades. Sardinhas e atuns, principalmente estragados, são boas opções de chamarizes, no caso da isca natural.
Uma dica importante de como pescar garoupa é que, ao se identificar que o anzol foi fisgado, recolha-se a linha e puxe o peixe rapidamente, furtando-lhe a oportunidade de tentar esconder-se e resistir à sua tirada do mar, o que pode avançar para um processo cansativo e dispendioso.
Leia também:
Quanto custa o quilo da garoupa?
Há um fato interessante que consta em levantamento realizado pelo PROCON na cidade de João Pessoa, Paraíba, em 2010.
A comercialização da garoupa realizou-se, neste período, em uma média de R$ 45 o quilo. Todavia, na época, o preço sofreu uma grande queda, sendo reduzido em quase 50%.
O PROCON desenvolveu uma pesquisa mais recente, em 2018. O levantamento, realizado em Joinville, Santa Catarina, aponta que a garoupa em posta manteve uma média de R$ 59,90 o quilo.
Isto é, na atualidade, muitos países estrangeiros comercializam a garoupa. Isso depende, em grande medida, de sua variedade. Os valores comercializados giram em torno de 18 euros o quilograma, o que equivale a cerca de R$ 110,00.
Certamente, esta é uma quantia consideravelmente mais elevada do que a identificada nos anos anteriores. Às vezes, isso indica um maior mercado consumidor para esta espécie. No entanto, no mercado nacional, algumas variedades mais comuns e de tamanhos menores custam cerca de R$ 25 o quilo.
Onde vive a garoupa?
O litoral brasileiro está repleto destes peixes de água salgada. Eles são endêmicos, também, nas costas africanas e em outros países mediterrâneos com trechos de oceanos tropicais, subtropicais e temperados.
A garoupa prefere profundidades que variam entre 15 a 100 m da superfície, habitando fundos coralinos e de pedras, vivendo em tocas, geralmente próximas de onde há abundância em seus alimentos prediletos.
Faça um Comentário